Um poema de Olavo Bilac, desses hoje completamente fora de moda, me entrou na cabeça aí pelos 11 ou 12 anos. Chama-se Modéstia: “Se a todos os condiscípulos/ Te julgas superior,/ Esconde o mérito, e cala-te/ Sem ostentar teu valor./ Valem mais que a inteligência,/ A constância e a aplicação:/ Sê modesto! estuda, aplica-te,/ E foge da ostentação!/ Mais vale o mérito próprio/ Sentir, guardar e ocultar:/ Porque o verdadeiro mérito/ Não gosta de se mostrar”. Às quadrinhas de Bilac, pela mesma época ou talvez um pouco antes, veio se juntar uma passagem do Evangelho martelada por minha mãe: “Quando alguém te convidar para uma festa, não te coloques no primeiro lugar, para que não aconteça que alguém mais digno do que tu tenha sido convidado, e o dono da casa venha a te dizer: 'Cede teu lugar a ele'. E aí deverás, todo envergonhado, ocupar o último lugar. Pelo contrário, quando fores convidado, ocupa o último lugar, porque pode ser que o dono da casa te diga: 'Amigo, venha para mais perto'. E isso será uma honra para ti na presença de todos”.
Convencido desde cedo de que a humildade é uma virtude a ser cultivada, não lembro de ter praticado o auto-elogio em nenhum momento da vida. No entanto, um blog como este é um exercício de imodéstia. Nele pretendo mostrar aos meus pares o que tenho feito nos últimos seis ou oito anos. Sou forçado a fazê-lo. Menos para me vangloriar e mais para me defender dos muitos ataques que tenho sofrido neste início de campanha eleitoral.
Tenho 52 anos. Destes, dediquei 15 à arte e à política e 22 à UERN. Na arte fiz teatro amador - interpretação e direção -, ensaiei crítica literária numa coluna semanal da Gazeta do Oeste, logo quando o jornal nasceu, e agitação cultural. Na política, militei no PT e fui educador popular, ministrando cursos de educação política e de educação sindical para agricultores da região.
Na UERN fui professor de Antropologia e de algumas áreas da Sociologia, tutor do Programa de Educação Tutorial – PET -, orientador do PIBIC, professor do Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente. Já orientei 7 dissertações de mestrado, mais de uma dezena de monografias de especialização e o mesmo tanto de monografias de graduação.
Tenho tentado conciliar a pesquisa com o ensino e a administração. Não é fácil. A pesquisa finda perdendo. De todo modo, graças ao empenho dos colegas, nosso grupo de pesquisa não tem sido dos mais improdutivos. Temos realizado anualmente pelo menos uma pesquisa de campo conjunta, afora as pesquisas individuais, escrito artigos, conjunta e individualmente, e promovido eventos de estudo e de divulgação. Recentemente, em outubro 2008, trouxemos para Mossoró o III Encontro SOBER Regional Nordeste, que reuniu quase 100 pesquisadores da área de desenvolvimento rural, talvez a primeira reunião na UERN de uma sociedade científica nacional.
Na administração fui diretor do Centro Cultural, onde criei projetos de divulgação artística como o Outras Falas, ainda existente, e o Curto-Circuito, e onde varri muito palco e carreguei muita cadeira, para que o brilho dos espetáculos não fosse nublado pelas imperfeições do serviço público. Fui assessor internacional, pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação. Hoje sou vice-reitor e candidato à reeleição, junto com o prof. Milton Marques.
Tenho feito anualmente não menos de 10 palestras, dentro e fora da universidade, sobre educação e desenvolvimento e a relação destes com a cultura política, e participado de 2 a 3 bancas de mestrado e doutorado. Creio que tenho vivido na universidade suas três dimensões: o ensino, a pesquisa e a extensão.
Gosto da minha formação intelectual. Fiz ginásio agrícola, técnico agrícola e agronomia. Depois descobri a Sociologia. Aí fiz mestrado em Sociologia Rural e doutorado em Sociologia, com tese em Sociologia do Desenvolvimento. Gosto desse tipo de mistura, a que hoje dão o nome de interdisciplinaridade. Estudante de agronomia, fui professor de Botânica no Ensino Médio (ainda sou capaz de identificar grande parte das famílias de plantas da região de Mossoró e mesmo alguns gêneros), de Ciências no Ensino Fundamental e, como autodidata, de Redação e Literatura Brasileira em cursinhos pré-vestibular. Tornei-me um leitor voraz e feliz aos nove anos, graças ao padre da minha terra, José Rodrigues, que me apresentou a uma biblioteca infantil recheada de Vinte Mil Léguas Submarinas, de A Ilha do Tesouro, de Moby Dick, de Robson Crusoé e de histórias em quadrinhos que tratavam dos heróis gregos e da história da Grécia. Li toda a biblioteca, uns 30 ou 40 livros.. Logo em seguida descobri os contos de As Mil e Uma Noites na biblioteca municipal e uma História Sagrada, versão resumida do Antigo Testamento, que minha mãe guardava com certa reverência, e minha felicidade ganhou mais corpo.
Vivi experiências existenciais e intelectuais singulares. Morei alguns anos na Serra do Mel, projeto de colonização agrária dos maiores do Brasil, experimentando uma vida comunitária que reunia 33 pessoas comendo numa mesma cozinha e trabalhando coletivamente. Lá fui agricultor, professor primário de classes multisseriadas (3a. e 4a. Séries), coordenador pedagógico de um projeto especial de educação, diretamente ligado ao gabinete do secretário de Educação, no qual todo o material didático era produzido por nós.
Publiquei dois livros de poesia, um de contos e uma peça de teatro, esta em parceria com o poeta popular Crispiniano Neto. A administração universitária me afastou da criação literária. A literatura não perdeu grande coisa, certamente.
Criei e dirigi jornais estudantis em Currais Novos, Jundiaí e na ESAM (UFERSA, hoje). Fui presidente de centro acadêmico.
Parece uma vida intelectualmente errática? Não creio. O que me move é a curiosidade, o prazer da criação, do aprendizado e o êxtase com a beleza. Os campos da Arte, da Ciência são campos da criatividade. O da gestão também, embora alguns o desprezem, entendendo-o como refúgio de frustrados. É profundamente injusta – e errada – esta visão. A gestão, no setor privado ou no público, é uma área de intensa criatividade, de enfrentamento de desafios e de resolução de problemas.
Convencido desde cedo de que a humildade é uma virtude a ser cultivada, não lembro de ter praticado o auto-elogio em nenhum momento da vida. No entanto, um blog como este é um exercício de imodéstia. Nele pretendo mostrar aos meus pares o que tenho feito nos últimos seis ou oito anos. Sou forçado a fazê-lo. Menos para me vangloriar e mais para me defender dos muitos ataques que tenho sofrido neste início de campanha eleitoral.
Tenho 52 anos. Destes, dediquei 15 à arte e à política e 22 à UERN. Na arte fiz teatro amador - interpretação e direção -, ensaiei crítica literária numa coluna semanal da Gazeta do Oeste, logo quando o jornal nasceu, e agitação cultural. Na política, militei no PT e fui educador popular, ministrando cursos de educação política e de educação sindical para agricultores da região.
Na UERN fui professor de Antropologia e de algumas áreas da Sociologia, tutor do Programa de Educação Tutorial – PET -, orientador do PIBIC, professor do Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente. Já orientei 7 dissertações de mestrado, mais de uma dezena de monografias de especialização e o mesmo tanto de monografias de graduação.
Tenho tentado conciliar a pesquisa com o ensino e a administração. Não é fácil. A pesquisa finda perdendo. De todo modo, graças ao empenho dos colegas, nosso grupo de pesquisa não tem sido dos mais improdutivos. Temos realizado anualmente pelo menos uma pesquisa de campo conjunta, afora as pesquisas individuais, escrito artigos, conjunta e individualmente, e promovido eventos de estudo e de divulgação. Recentemente, em outubro 2008, trouxemos para Mossoró o III Encontro SOBER Regional Nordeste, que reuniu quase 100 pesquisadores da área de desenvolvimento rural, talvez a primeira reunião na UERN de uma sociedade científica nacional.
Na administração fui diretor do Centro Cultural, onde criei projetos de divulgação artística como o Outras Falas, ainda existente, e o Curto-Circuito, e onde varri muito palco e carreguei muita cadeira, para que o brilho dos espetáculos não fosse nublado pelas imperfeições do serviço público. Fui assessor internacional, pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação. Hoje sou vice-reitor e candidato à reeleição, junto com o prof. Milton Marques.
Tenho feito anualmente não menos de 10 palestras, dentro e fora da universidade, sobre educação e desenvolvimento e a relação destes com a cultura política, e participado de 2 a 3 bancas de mestrado e doutorado. Creio que tenho vivido na universidade suas três dimensões: o ensino, a pesquisa e a extensão.
Gosto da minha formação intelectual. Fiz ginásio agrícola, técnico agrícola e agronomia. Depois descobri a Sociologia. Aí fiz mestrado em Sociologia Rural e doutorado em Sociologia, com tese em Sociologia do Desenvolvimento. Gosto desse tipo de mistura, a que hoje dão o nome de interdisciplinaridade. Estudante de agronomia, fui professor de Botânica no Ensino Médio (ainda sou capaz de identificar grande parte das famílias de plantas da região de Mossoró e mesmo alguns gêneros), de Ciências no Ensino Fundamental e, como autodidata, de Redação e Literatura Brasileira em cursinhos pré-vestibular. Tornei-me um leitor voraz e feliz aos nove anos, graças ao padre da minha terra, José Rodrigues, que me apresentou a uma biblioteca infantil recheada de Vinte Mil Léguas Submarinas, de A Ilha do Tesouro, de Moby Dick, de Robson Crusoé e de histórias em quadrinhos que tratavam dos heróis gregos e da história da Grécia. Li toda a biblioteca, uns 30 ou 40 livros.. Logo em seguida descobri os contos de As Mil e Uma Noites na biblioteca municipal e uma História Sagrada, versão resumida do Antigo Testamento, que minha mãe guardava com certa reverência, e minha felicidade ganhou mais corpo.
Vivi experiências existenciais e intelectuais singulares. Morei alguns anos na Serra do Mel, projeto de colonização agrária dos maiores do Brasil, experimentando uma vida comunitária que reunia 33 pessoas comendo numa mesma cozinha e trabalhando coletivamente. Lá fui agricultor, professor primário de classes multisseriadas (3a. e 4a. Séries), coordenador pedagógico de um projeto especial de educação, diretamente ligado ao gabinete do secretário de Educação, no qual todo o material didático era produzido por nós.
Publiquei dois livros de poesia, um de contos e uma peça de teatro, esta em parceria com o poeta popular Crispiniano Neto. A administração universitária me afastou da criação literária. A literatura não perdeu grande coisa, certamente.
Criei e dirigi jornais estudantis em Currais Novos, Jundiaí e na ESAM (UFERSA, hoje). Fui presidente de centro acadêmico.
Parece uma vida intelectualmente errática? Não creio. O que me move é a curiosidade, o prazer da criação, do aprendizado e o êxtase com a beleza. Os campos da Arte, da Ciência são campos da criatividade. O da gestão também, embora alguns o desprezem, entendendo-o como refúgio de frustrados. É profundamente injusta – e errada – esta visão. A gestão, no setor privado ou no público, é uma área de intensa criatividade, de enfrentamento de desafios e de resolução de problemas.
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